Entre a espada e a parede
A mensagem presidencial sobre a lei do aborto coloca o Governo entre a esquerda e Belém. A esquerda, porque a ela se associou só para aprovar uma lei que já sabia ter que colher o consenso mais alargado possível para garantir a promulgação. Belém, porque os avisos de Cavaco que antecedem a regulamentação da lei vão longe, são claros e têm implícita a frase: ou fazes ou eu chateio-me e não me queiras ver chateado. O ministro Santos Silva já faz antever que as recomendações presidenciais serão levadas a sério pelo Governo, durante a regulamentação da nova lei. E isto, ainda que o Governo tenha que trair o consenso tão airoso que gerou no Parlamento, digo eu. Parece-me óbvio qual das duas guerras o Governo vai comprar.
É como entrar num táxi. Sem aquela parte do "ó faxavor era práli pró Largo do Carmo". Sem acabar discussões a gritar: "Devia era estar cá o Salazar". Ou não. A parte do Benfica é que não vai faltar. Prometo.